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Guerra tarifária e impactos no mercado de saúde brasileiro

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Por Rafael Teles

Head da Saúde Global


O aumento das tarifas comerciais entre Estados Unidos e demais países não é apenas uma questão diplomática ou econômica. Seus efeitos já começam a comprometer a operação de hospitais, clínicas e fabricantes de insumos no Brasil e podem afetar diretamente o atendimento à população. Em resposta, grandes economias já conseguiram evitar as tarifas anunciadas pelo presidente Donald Trump, por meio de acordos, mas o Brasil ainda não conseguiu uma aproximação com o governo americano para tratar da questão. 


Implicações no Contexto Brasileiro 


Os Estados Unidos anunciaram tarifas de 50% sobre produtos importados do Brasil, válidas a partir de 1º de agosto de 2025, com resposta em potencial via Lei de Reciprocidade. O governo brasileiro insiste que busca diálogo “sem qualquer contaminação política ou ideológica”, mas também reforça que a soberania nacional é inegociável. 



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O mercado de saúde brasileiro, robusto e em constante expansão, é fortemente dependente de cadeias globais de suprimentos. O Brasil importa cerca de US$ 9 bilhões por ano em produtos para a saúde, dos quais 60‑70 % são destinados ao setor público (SUS, Santas Casas, hospitais federais). Com tarifas elevadas, os custos de insumos médicos podem subir em até 30%, incluindo equipamentos como tomógrafos, ressonâncias, aparelhos de anestesia e materiais básicos como seringas e luvas. 


Em um cenário de guerra tarifária, rupturas nessas cadeias se traduzem em encarecimento, escassez e insegurança operacional para o setor. Substituir fornecedores dos EUA por outros países (como China ou Índia) pode levar um a dois anos, devido à necessidade de certificação, validações técnicas e treinamento profissional. 


Oportunidades e Estratégias: 


No entanto, desafios também abrem portas para novas oportunidades. A necessidade de autonomia produtiva, antes vista como secundária, ganha protagonismo. Ganham força iniciativas de nacionalização de Ingredientes Farmacêutico Ativos (IFAs), incentivos à indústria farmacêutica local, investimentos em tecnologias e reindustrialização de segmentos estratégicos da saúde. A indústria de saúde, neste cenário, exige visão estratégica, articulação com políticas públicas e capacidade de adaptação rápida, como: 


  • Fomento a fornecedores nacionais: Ofertas de fornecedores nacionais que substituam gradualmente os importados. 

  • Soluções digitais e de autocuidado: Incentivar o desenvolvimento de tecnologias que reduzam a dependência de hardwares e componentes importados. 

  • Compliance com novos fornecedores: Criar programas de certificação ágeis para acelerar a homologação de fornecedores alternativos. 

  • Inovação e autonomia tecnológica:  Estimular novas tecnologias, produção local e parcerias com universidades e centros de Pesquisa e Desenvolvimento. 

 Investir em inovação, tecnologia e produção local passa a ser não apenas uma escolha de competitividade, mas uma condição de sobrevivência. 


Considerações Finais 


O tsunami comercial pode trazer lições tanto para o governo quanto para a iniciativa privada. A principal delas é o alerta para a necessidade de maior inserção do Brasil no comércio mundial, o que na prática, significa ter mais parceiros e mais oportunidades de comércio bilateral. Esse “tarifaço” global não é apenas um choque econômico, é um alerta para repensarmos o modelo industrial da saúde no Brasil. A escolha se resume a dois caminhos: continuar dependente e vulnerável ou investir estrategicamente em autonomia produtiva e tecnológica. 


 
 
 

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